Código
RC291
Área Técnica
Trauma/Urgências
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Centro Oftalmológico de Minas Gerais (COMG)
Autores
- BRUNA PENNA GUERRA LAGES (Interesse Comercial: NÃO)
- SILVIA LAGES RIBEIRO (Interesse Comercial: NÃO)
- VALENTINA VALLIM CARVALHO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
O CAVALO DE TROIA DAS LESOES CONJUNTIVAIS: ESPOROTRICOSE – UM RELATO DE CASO
Objetivo
A esporotricose é uma doença endêmica no Brasil. Este trabalho objetiva relatar um caso de infecção conjuntival por esporotricose, assim como discutir a epidemiologia, diagnóstico e tratamento da doença.
Relato do Caso
Paciente E. K. O. F, de 16 anos, vem à consulta de urgência, com queixa de edema, hiperemia, prurido e secreção em olho esquerdo há 20 dias. Ao exame, apresentava acuidade visual sem correção de 20/20 em ambos os olhos. À biomicroscopia, OD sem alterações. OE apresentava hiperemia conjuntival difusa 1+/4+, câmara anterior formada e opticamente vazia, pupila regular, cristalino transparente, papilas gigantes em conjuntiva tarsal superior. Foi aventada a hipótese diagnóstica de conjuntivite papilar gigante, prescrito fluormetolona em esquema reducional, lubrificante ocular e cetotifeno. Após 10 dias, retorna com exame inalterado e linfonodomegalia pré-auricular e submandibular ipsilateral. Elaborada hipótese de síndrome oculoglandular de Parinaud, iniciada doxiciclina. Após um mês, não apresentava mudanças ao exame. A acompanhante relata que cuidava de um gato que ficou doente. Realizada cultura das lesões e prescrito itraconazol após a coleta. Após 10 dias tem-se o diagnóstico laboratorial de esporotricose. Mantida a prescrição de itraconazol.
Conclusão
A esporotricose é uma doença endêmica com quadro inespecífico. Trata-se de uma micose subcutânea causada pelo Sporothrix brasiliensis, adquirida pela inoculação traumática do fungo na pele, inalação dos esporos, mordida ou arranhadura de gatos doentes. O quadro envolvendo os anexos oculares pode se manifestar como uma conjuntivite granulomatosa ou bulbar, dacriocistite ou pela síndrome oculoglandular de Parinaud. Esta é caracterizada por uma conjuntivite granulomatosa tarsal ou granular unilateral, apresentando ou não linfadenopatia dolorosa ipsilateral. Se associam: reação folicular, hiperemia conjuntival, sensação de corpo estranho e febre. O tratamento da esporotricose conjuntival é realizado com itraconazol, 100-200mg/dia até a resolução das lesões, cerca de 3 a 6 meses de tratamento.
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801