Código
RC174
Área Técnica
Órbita
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Centro Oftalmológico Hospital Dia
Autores
- ALANDERSON PASSOS FERNANDES CASTRO (Interesse Comercial: NÃO)
- WAGNER NAVES (Interesse Comercial: NÃO)
- JESSICA TEIXEIRA GATTAS (Interesse Comercial: NÃO)
Título
OFTALMOMIIASE ORBITARIA EM PACIENTE ONCOLOGICO
Objetivo
Relatar um caso de oftalmomiíase em paciente oncológico paliativo em condição de vulnerabilidade social extrema e discuti-lo.
Relato do Caso
Paciente masculino, 50 anos, encaminhado para avaliação oftalmológica devido a quadro de oftalmomiíase à esquerda, queixava-se de desconforto ocular, baixa visão, secreção ocular e zumbido há uma semana. Referiu diagnóstico de carcinoma espinocelular em cabeça e pescoço há 4 anos, realizara radioterapia, porém sem remissão completa, sendo colocado em paliação, fazia uso crônico de morfina e dipirona de 4/4h devido a dores. À ectoscopia apresentava estado de caquexia, úlceras extensas em face e região frontotemporal esquerda, edema e hiperemia periorbitários ipsilateral, com inúmeras larvas em movimento nas lesões orbitárias e fenda palpebral, além de tecidos necróticos e ausência de tecido palpebral inferior. A acuidade visual nesse olho era de ausência de percepção luminosa. Foram retiradas mais de 100 larvas da cavidade orbitária e lesões adjacentes, evidenciando-se apenas parte de esclera do globo ocular, além de larvas projetando-se em direção à papila óptica. Foi iniciado antibioticoterapia de amplo espectro sistêmica, ivermectina, vacina anti-tetanica e curativo oclusivo. A TC de órbitas e encéfalo evidenciou conteúdos atenuantes com calcificação grosseira e aumento de volume orbitário à custa de tecidos moles. Foi entrado em contato com assistência social e equipe de oncologia e, após controle clínico, o paciente recebeu alta para seguimento ambulatorial.
Conclusão
A oftalmomiíase acomete mais comumente paciente em condições de autocuidado e higiene precárias, neoplasia de pele periorbitária, morador de zona rural e idoso. No caso apresentado, o uso crônico de opioides foi fator limitador da percepção dos sintomas e retardou a busca de atendimento, além da vulnerabilidade social do paciente, o qual vivia sozinho e não possuía quaisquer redes de apoio, familiar ou instituicional, que garantisse seu cuidado, assim, com a grande quantidade de larvas e o seu rápido crescimento a situação tornou-se mais dramática.
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801