Título

DOENÇA DA ARRANHADURA DO GATO (NEURORRETINITE POR BARTONELLA HENSELAE) - RELATO DE CASO

Objetivo

Descrever o caso de uma jovem com doença ocular neurorretiniana secundária a infecção bacteriana por Bartonella henselae.

Relato do Caso

Paciente J.F.G., feminino, 11 anos. Referia cefaléias ocorridas 2 semanas antes, seguida de diminuição da acuidade visual do olho direito, dois dias após o início do quadro. Sem histórico de doenças oculares, pessoais ou na família. Em uso de glifage, ciproterona e vitamina D para retardo de puberdade. O exame oftalmológico apresentava acuidade visual corrigida no olho direito (OD) de 20/63 e no olho esquerdo (OE) de 20/20. Refração estática OD: -0,50 cil a 170° e OE: -0,50 a 175°. Biomicroscopia de ambos os olhos (AO): conjuntiva sem hiperemia, córnea translúcida, sem PKs e sem celularidade em câmara anterior ou vítrea. Pressão intraocular OD 08mmHg e OE 10mmHg. Mapeamento de retina: OD com papila ligeiramente protrusa e com rebordos imprecisos, além de estrela macular. Alguns pontos amarelados em região das arcadas temporais de AO (adjacentes a vasos sanguíneos). A angiofluoresceinografia evidenciou staining papilar bilateral. Nas áreas de retinite, bloqueio de fluorescência nas fases iniciais e hiperfluorescência nas fases finais. O OCT também evidenciou a estrela macular direita, bem como descolamento seroso peripapilar. Dados os achados, suspeitou-se de uveíte infecciosa, possivelmente secundária a Bartonella henselae. Este diagnóstico foi confirmado sorologicamente por RIF, com resultados IgM 1:200 e IgG 1:1280 (resultados maiores que 1:64 fazem diagnóstico), além de que os demais testes incluindo pesquisa de lues, SIDA, toxoplasmose, tuberculose e herpes, foram negativos. Estabeleceu-se tratamento com azitromicina 500mg/15d.

Conclusão

Apesar de incomum no nosso meio, infecção por Bartonella henselae deve fazer parte do rol de investigação de uveítes, em especial quando há estrela macular, edema papilar ou retinite multifocal.