Código
RC216
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital de Olhos de Araraquara
Autores
- DANIEL ROCHA TIEZZI (Interesse Comercial: NÃO)
- Ana Carolina Yumi Itikawa (Interesse Comercial: NÃO)
- Leonardo Cunha Castro (Interesse Comercial: NÃO)
Título
DOENÇA DA ARRANHADURA DO GATO: A IMPORTANCIA DOS ACHADOS INICIAIS NA CONDUÇAO DA NEURORRETINITE
Objetivo
Descrever achados iniciais da doença arranhadura do gato ocular (Bartonella hanselae) antes dos sinais mais específicos.
Relato do Caso
LAO, 22 anos, feminina, com queixa de ‘’mancha preta’’ fixa e dor súbita há 3 dias em olho direito (OD). Nega trauma ocular. Referia “quadro gripal com febre” há 1 mês e possuir gato em casa. Nega antecedentes pessoais e oftalmológicos. Acuidade visual com a melhor correção: 20/400 em OD e 20/20 em olho esquerdo (OE). Biomicroscopia anterior sem alterações. Pressão intraocular (mmHg): 10 (OD) e 11 (OE). Mapeamento de retina: OD (disco óptico corado, bem delimitado, escavação de 0,3, presença de lesão peridiscal esbranquiçada subretiniana associada a descolamento de retina seroso (DRS) com acometimento macular, vasos sem alterações); OE (sem alterações). Tomografia de coerência óptica (OCT): OD (celularidade vitrea, fluido sub e intrarretiniano). Angiofluoresceinografia: OD (vasculite venosa e arterial associado a impregnação de corante mais evidenciado em fases tardia em região peripapilar e pooling em área de DRS inferior, ausência de neovasos). Solicitados exames sorológicos infecciosos e provas reumatológicas. Iniciou-se o tratamento empírico com Doxaciclina 100mg de 12/12 horas via oral devido as características da lesão e epidemiologia. Paciente evoluiu com aparecimento de “estrela macular” e resolução do fluido subrretiniano. Após 21 dias, sorologias para Bartonella IgM (não reagente) e IgG (1:320, reagente), restante sem alterações, sendo mantido o tratamento por mais 1 mês, com melhora visual (20/25) e anatômica importante tanto nos achados fundoscópicos quanto no OCT (ausência de lesão hipocrômica peripapilar, ausência de estrela macular e presença de hiperpigmentação peripapilar 360 graus).
Conclusão
Apesar de ser um diagnóstico incomum, é importante conhecer a doença da arranhadura do gato e ter como diagnóstico diferencial em pacientes com uveíte posterior. Diante da suspeita, o tratamento pode ser iniciado precocemente, mesmo sem a confirmação sorológica, com bom prognóstico visual e anatômico final.
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2022379801