Código
RC219
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Centro Especializado Oftalmológico Queiroz
- Secundaria: Hospital São Geraldo
Autores
- LUCAS CEZAR TEIXEIRA (Interesse Comercial: NÃO)
- MARIA FRASSON (Interesse Comercial: NÃO)
- JULIANE SOARES BOA MORTE (Interesse Comercial: NÃO)
Título
VITREORRETINOPATIA EXSUDATIVA FAMILIAR (FEVR) CAUSANDO TUMOR VASOPROLIFERATIVO SECUNDARIO
Objetivo
A FEVR pode ser um diagnóstico desafiador nos estágios iniciais, porém de suma importância para pacientes e familiares, já que quando tratada no início há grande diferença no prognóstico.
Relato do Caso
Paciente masculino, 9 anos, alto míope, com perda visual bilateral, pior em olho direito (OD), desde o nascimento. A mãe refere que gestação e parto ocorreram sem intercorrências, criança sem outras comorbidades. Histórico de estrabismo e cegueira não explicada na família. Foi referenciado à urgência oftalmológica após ser atendido no interior com glaucoma neovascular em OD e suspeita de doença de Coats em olho esquerdo (OE). Na admissão, apresentava acuidade visual (AV) em OD: sem percepção luminosa e OE: 20/80 com correção. À biomicroscopia do segmento anterior apresentava: OD: ceratopatia em faixa, câmara anterior sem reação, rubeosis iridis, sinéquias posteriores, catarata; OE: sem alterações. Tonometria de aplanação de Goldmann em OD 10mmHg e OE 12mmHg. Fundoscopia inviável em OD, e em OE com meios transparentes, disco com bordas definidas, ectopia macular sem fóvea identificável, tração vítrea saindo do disco em direção temporal inferior, exsudatos lipídicos exuberantes, associados a áreas de neovasos e descolamento seroso. Foram feitos retinografia de grande-ângulo (fig.1), OCT e angiografia fluoresceínica (fig.2) em OE, que apontaram neovasos com extravasamento lipídico e grandes áreas de não-perfusão. Ecografia modo B: OD: descolamento de retina (DR) em funil fechado/fechado, traves vítreas, e pequeno nódulo com limites irregulares; OE: tração vitreorretiniana e DR plano extenso. Paciente sem alterações sistêmicas. Feita a hipótese de FEVR, foi tratado com crioterapia, anti-VEGF e fotocoagulação; evoluiu com melhora do DR e da exsudação, e AV estável.
Conclusão
É mister a suspeição de FEVR no DR em crianças, especialmente se bilateral. Essa doença rara é relacionada com os genes NDP, FZD4, LRP5, TSPAN12, ZNF408 e aguardamos o teste genético do paciente. Foi um diagnóstico tardio, porém com manutenção da acuidade visual após tratamento.