Código
RC229
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Instituto de Oftalmologia Ivo Corrêa-Meyer
Autores
- MAYARA ZANATTA (Interesse Comercial: NÃO)
- Fernando Bordin (Interesse Comercial: NÃO)
- Fábio Augusto Scharnberg (Interesse Comercial: NÃO)
Título
Coriorretinopatia posterior placóide bilateral por sífilis: Relato de caso
Objetivo
A sífilis ocular pode ocorrer a qualquer momento após a infecção inicial e, mais comumente, se apresenta como uveíte posterior ou panuveíte. Essa é uma manifestação rara caracterizada por lesão placóide, relacionada à resposta imunológica ao agente infeccioso. Este trabalho tem objetivo de relatar um caso de coriorretinopatia posterior placóide sifílitica aguda.
Relato do Caso
Paciente, E.L., feminina, 38 anos, sem comorbidades compareceu em consulta oftalmológica com queixa de baixa acuidade visual (BAV) há 5 dias. Ao exame apresentava melhor acuidade visual (AV) corrigida de 20/60 em olho direito (OD) e 20/400 em olho esquerdo (OE), sem alterações à biomicroscopia e tonometria e apresentava em ambos os olhos (AO) uma lesão placóide amarelada à fundoscopia. Constava na sua história prévia há 2 semanas aparecimento de lesões ulcerosas labiais. Solicitados angiografia fluoresceínica (AF), laboratoriais e tomografia de coerência óptica macular (OCT). Dentre os laboratoriais apresentou VDRL reagente 1/64. A AF mostrou hiperfluorescência progressiva na área da lesão placóide, OCT demonstrou desorganização das camadas retinianas, com lesão da camada de fotorreceptores. Devido à BAV, lesão placóide característica e teste para sífilis positivo optou-se por iniciar tratamento com penicilina cristalina intravenosa por 14 dias, tratando também seu parceiro. Após o término do tratamento, retornou com melhora da visão, sendo 20/20 em OD e 20/25 em OE. Paciente manteve acompanhamento nos serviços de oftalmologia e infectologia. Em consultas posteriores retomou AV de 20/20 em ambos os olhos, reestabelecendo a integridade das camadas retinianas em novo OCT realizado 3 meses após tratamento.
Conclusão
As manifestações clínicas da sífilis ocular são heterogêneas e podem mimetizar diversas etiologias. O tratamento geralmente induz uma resposta rápida e positiva nos pacientes afetados. O diagnóstico imediato e adequado desses pacientes é fundamental, embora os danos anatômicos e funcionais possam persistir, a maioria dos pacientes tem uma melhora satisfatória da visão.