Sessão de Relato de Caso


Código

RC246

Área Técnica

Uveites / AIDS

Instituição onde foi realizado o trabalho

  • Principal: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Autores

  • LETICIA SILVEIRA MEURER (Interesse Comercial: NÃO)
  • LUCAS DE ABREU E SOUZA DESETA (Interesse Comercial: NÃO)
  • JULIANA ROCHA DE MENDONÇA DA SILVA (Interesse Comercial: NÃO)

Título

TOXOPLASMOSE OCULAR ATIPICA: RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar um caso de toxoplasmose ocular (TO) atípica.

Relato do Caso

Paciente de 35 anos, sem comorbidades prévias, iniciou quadro de turvação visual em olho direito (OD), febre persistente, cefaleia, emagrecimento e odinofagia, há 2 meses. Após internação hospitalar, recebeu diagnóstico de candidíase esofagiana e suspeita de neurocriptococose, devido a tomografia computadorizada de crânio que revelava múltiplas lesões heterogêneas no espaço de Virchow Robin. Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual (AV) de 20/40 em olho direito (OD) e 20/20 em olho esquerdo (OE), sem sinais inflamatórios à biomicroscopia de segmento anterior em ambos os olhos (AO), fundoscopia com ausência de vitreíte e presença de retinite em polo posterior (PP), acometendo parcialmente a área macular, com hemorragias em OD. OE não apresentava alterações. A principal hipótese diagnóstica foi retinite por citomegalovirus (CMV) e iniciou-se tratamento com Ganciclovir venoso. A análise liquórica evidenciou proteinorraquia leve, teste de látex e Nanquim negativos, VDRL negativo, PCR negativo para CMV em líquor e sangue. As sorologias vieram negativas para HIV, Dengue e Zika e IgM e IgG positivos para toxoplasmose, levando ao diagnóstico de TO. Após 3 semanas de tratamento com Bactrim F 12/12h, houve melhora do quadro, AV de 20/25 OD e lesão em PP apresentando bordos aplanados, reabsorção das hemorragias, com desenvolvimento de membrana epirretiniana. Paciente segue em investigação de possível doença imunossupressora de base.

Conclusão

A Toxoplasmose é a principal causa de uveíte posterior, manifestando-se tipicamente por lesão de retinocoroidite com vitreíte. Quando atípica, especialmente em imunocomprometidos, configura-se um grande desafio. O diagnóstico é clínico, auxiliado por sorologias que, em casos atípicos, são importantes para confirmar a infecção e excluir outras etiologias. O relato evidencia um caso de TO atípica, com retinite em ausência de vitreíte, colocando a importância de uma análise ampla considerando esse desafiador diagnóstico diferencial.

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