Código
RC251
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre
Autores
- LUANA VEBER GRELLMANN (Interesse Comercial: NÃO)
- VICTOR SANCHEZ ZAGO (Interesse Comercial: NÃO)
- RAISSA DO CARMO FERREIRA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
UVEITE DIFUSA POR VOGT-KOYANAGI-HARADA COM A TUBERCULOSE COMO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL: RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar um caso de uveíte difusa.
Relato do Caso
Paciente feminina, 27 anos, chega a emergência com queixa de baixa de visão (BAV) súbita em olho direito (OD) há dez dias. Referiu BAV crônica em olho esquerdo (OE) por toxoplasmose e ser contactante de primo com tuberculose. Ao exame, apresentou acuidade visual (AV) de 20/200 em OD, precipitados ceráticos (PKs) finos, reação de câmara anterior (RCA) e, em fundo de olho, descolamento seroso peripapilar. Em OE, apresentou visão de vultos, sem sinais de uveíte ativa e cicatriz de retinocoroidite macular. Solicitado sorologias de screening para doenças infecciosas e autoimunes, bem como iniciado tratamento tópico com dexametasona e tropicamida em OD. Apresentou toxoplasmose IgG+, teste tuberculínico reator de 24mm e demais exames sem alterações, tendo sido iniciado tratamento para tuberculose ativa. Após 48 horas, evoluiu com RCA, PKs finos, edema papilar e descolamento seroso em OE. Realizado angiografia fluoresceínica que demostrou em ambos os olhos: edema de papila, múltiplos pontos hiperfluorescentes com extravasamento tardio e hiperfluorescência tipo pooling em região de descolamento seroso. Presumiu-se o diagnóstico de Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada (SVKH). Iniciado manejo com corticoide sistêmico em dose imunossupressora e regressão gradual de dexametasona tópica. A paciente evoluiu com melhora da AV para 20/30 em OD.
Conclusão
A SVKH é uma doença sistêmica autoimune que acomete tecidos pigmentados, sendo mais comum em mulheres entre 20-50 anos. A fase uveítica da doença caracteriza-se por BAV bilateral de evolução súbita e coroidite difusa com áreas focais de fluido subrretiniano. O presente caso ilustra a dificuldade em estabelecer o diagnóstico e iniciar o tratamento de uma síndrome rara em nosso meio, representando ainda um desafio na oftalmologia. O prognóstico da doença geralmente é bom, com 60% dos pacientes mantendo AV final ≥ 20/40. Portanto, o diagnóstico na fase uveítica é fundamental, visto que o tratamento precoce interfere no prognóstico e traz qualidade de vida aos pacientes.