Sessão de Relato de Caso


Código

RC240

Área Técnica

Uveites / AIDS

Instituição onde foi realizado o trabalho

  • Principal: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Autores

  • BARBARA FLORES CULAU MERLO (Interesse Comercial: NÃO)
  • Caio Brenno Abreu (Interesse Comercial: NÃO)
  • Juliana Rocha (Interesse Comercial: NÃO)

Título

RELATO DE CASO: EMERGENCIA OFTALMOLOGICA EM HANSENIASE VIRCHOWIANA

Objetivo

Descrever um quadro de uveíte anterior bilateral em paciente com Hanseníase Virchowiana com reação hansênica tipo 2.

Relato do Caso

Paciente de 36 anos, sexo masculino, negro, natural do Rio de Janeiro, com diagnóstico prévio de Hanseníase e reação hansênica tipo 2, chegou na emergência com quadro de cefaléia iniciada no mesmo dia associado a hiperemia e dor ocular em ambos os olhos (AO). Refere que realizou tratamento para hanseníase com poliquimioterapia multibacilar por 12 meses e atualmente só está em uso de talidomida 200mg/dia para tratar a reação hansênica. Ao exame apresentou fácies leonina, madarose (imagem 1), acuidade visual em olho direito 20/150 e em olho esquerdo 20/100. Na biomicroscopia de AO apresentou hiperemia conjuntival, edema corneano difuso, hipoestesia corneana, ceratite epitelial puntata difusa e foi difícil visualizar celularidade em câmera anterior devido ao edema (imagem2). Pressão intra-ocular (PIO) de 32mmHg AO. Sem alterações significativas em fundoscopia AO. Decorrente o quadro clínico apresentado e uveíte ser muito comum em paciente com hanseníase virchoviana, iniciou-se tratamento empírico com dexametasona oftalmológica de 6 em 6 horas associada a colírio lubrificante. Uma semana após, o paciente apresentou melhora do quadro clínico descrito e acuidade visual corrigida de 20/60 AO. Foi realizado desmame de colírio e paciente apresentou resolução do quadro.

Conclusão

A Hanseníase é uma doença crônica, granulomatosa causada pelo Mycobacterium leprae com acometimento sistêmico. O acometimento ocular é mais frequente na hanseníase virchowiana com reação tipo II, chamada também de eritema nodoso hansênico (ENH), como o paciente relatado. Sabe-se a prevalência de hanseníase no Brasil ainda é alta, porém não é comum encontrarmos casos avançados como o caso descrito na rotina dos consultórios. Decorrente disso, esse trabalho é relevante para lembrarmos que uveíte é muito comum em pacientes com hanseníase virchowiana com ENH e devemos acompanhar esses pacientes de perto, explicando os sinais de alarme para tratamento precoce e eficaz.

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