Título

O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA REALIZAÇAO DE CIRURGIAS DE TRANSPLANTE DE CORNEA NO BRASIL

Objetivo

Avaliar o impacto da pandemia no número de cirurgias de transplante de córnea realizadas no Brasil.

Método

Estudo epidemiológico, descritivo, observacional e transversal, utilizando-se dados Registro Brasileiro de Transplantes do período de 2014 a 2020.

Resultado

De janeiro de 2014 a dezembro de 2021, realizaram-se 31.388 transplantes de córnea (TC) no Brasil. Em 2014, fez-se um total de 13.065 procedimentos; 2015 – 13.830; 2016 – 14.531; 2017 – 15262; 2018 – 14.809; 2019 – 14943; 2020 - 7127. Em 2020, houve redução de 52,30% dos TC comparado ao ano anterior. O número de transplantes de coração se manteve o mesmo e o de transplantes de figado e rim de doadores falecidos tiveram queda de 8,95% e 16,38%, respectivamente. Em 2019, foram 3768 doadores efetivos e, em 2020, 3323. A lista de espera por um TC em setembro de 2019 era de 10825 pacientes e, em setembro de 2020, 14433.

Conclusão

O TC é o tipo de transplante mais realizado no Brasil e, ao se comparar a queda do número de transplantes de córnea, fígado, coração e rim, realizados no ano de 2020 com relação a 2019, observa-se que os de córnea apresentaram queda substancialmente maior, de quase 50%. O número de captações e doações de órgãos e tecidos no período da pandemia não foi tão menor quando comparado ao do ano anterior, havendo uma diminuição de apenas 11,8% no número de doadores efetivos, o que não justifica essa queda no número de TC, nem a discrepância com os outros tipos de transplantes. Sabe-se que aproximadamente 40% das cirurgias eletivas foram suspensas no ano de 2020, em todo o Brasil, e que a maior parte das indicações de transplantes de córnea possuem caráter eletivo, o que poderia justificar, em parte, essa diferença em sua queda. Faz-se necessário a criação de estratégias para restaurar, de forma segura, os programas de transplantes, garantindo que o processo de TC se mantenha ativo de forma a reduzir os impactos da pandemia na fila dos pacientes que aguardam por esse tratamento.