Código
GR-21
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade de São Paulo (USP)
Autores
- LETICIA DE OLIVEIRA AUDI (Interesse Comercial: NÃO)
- Benedito Antonio Lopes Fonseca (Interesse Comercial: NÃO)
- João Marcello Furtado (Interesse Comercial: NÃO)
Título
ESCLERITE POSTERIOR BILATERAL SECUNDARIA A INFECÇAO POR ZIKA VIRUS: RELATO DE CASO
Objetivo
Retratar um caso de esclerite posterior bilateral secundária à infecção sistêmica por Zika vírus, cursando com descolamento de coroide (DC) 360º em ambos os olhos (AO), além de descolamento de retina (DR) seroso.
Relato do Caso
Sexo feminino, 65 anos, com queixa de dor ocular, hiperemia e diminuição da acuidade visual em AO. Dentre os antecedentes patológicos, histórico de hipertensão arterial sistêmica, fibromialgia e hipotireoidismo. Três meses antes do início dos sintomas oculares, apresentou quadro de mialgia severa, artralgia e febre. Ao exame oftalmológico: acuidade visual (AV) corrigida de 20/80 em olho direito (OD) e 20/70 em olho esquerdo (OE). À biomicroscopia de AO, notou-se hiperemia conjuntival 2+, vasos esclerais engurgitados, câmara anterior rasa, sem celularidade. Fundoscopia AO mostrando DC 360º associado a DR seroso em polo posterior. USG compatível com DC. Anticorpos anti-Zika vírus IgM positivo em amostra de sangue periférico. Triagem infecciosa, neoplásica e reumatológica negativa. Biópsia de glândula lacrimal mostrando dacrioadenite crônica. Realizado pulsoterapia com metilprednisolona endovenosa 1g/dia por 3 dias, além de Triancinolona subtenoniana, com melhora parcial do DC e da AV, passando a 20/30 OD e 20/40 OE. Entretanto, 2 meses após, paciente apresenta recidiva dos sintomas e nova diminuição da acuidade visual, sendo realizada nova injeção de Triancinolona subtenoniana e Prednisona via oral na dose de 1mg/kg/dia, além de Azatioprina 150mg/dia. Paciente evolui com melhora dos sintomas, da acuidade visual e das alterações coriorretinianas.
Conclusão
O Zika vírus representa parcela importante das arboviroses no Brasil, e cursa com repercussões sistêmicas nos casos de infecção tanto congênita quanto adquirida. No caso em questão, estabelecendo-se uma relação temporal entre o início dos sintomas e o quadro sistêmico, associado a positividade dos anticorpos IgM contra Zika vírus, foi estabelecido diagnóstico presuntivo de um quadro de esclerite posterior bilateral associada a DC e DR seroso de retina.