Código
RC155
Área Técnica
Patologia Externa
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: HOSPITAL OFTALMOLÓGICO VISÃO LASER
Autores
- PAULA VIRGINIA BROM DOS SANTOS SOARES (Interesse Comercial: NÃO)
- MARCELLO NOVOA COLOMBO BARBOZA (Interesse Comercial: NÃO)
- JULIANA DE FREITAS PERES TOLOI (Interesse Comercial: NÃO)
Título
CERATOCONJUNTIVITE POR COVID-19
Objetivo
Relatar um caso de ceratoconjuntivite como primeira manifestação de COVID-19
Relato do Caso
Homem, 26 anos, branco, médico, sem comorbidades, relatava, há 1 dia, dor ocular associado à sensação de corpo estranho e hiperemia em olho esquerdo (OE), sem secreção. Negava alterações sistêmicas. Ao exame, acuidade visual com correção (AVcc) de 20/20 em olho direito (OD) e 20/30 em OE. À biomicroscopia, sem alteração em OD, e em OE evidenciava leve blefarite, hiperemia conjuntival 3+/4+, raras papilas, sem folículos, córnea clara com infiltrado arqueado subepitelial denso de aspecto imunológico perilimbar em região nasal, com teste de fluoresceína sódica 1% negativo. Não exibia linfonodos pré auriculares palpáveis. A partir dessa alteração, foi aventada hipótese de conjuntivite de inclusão pela característica do infiltrado corneano periférico, e iniciado prova terapêutica com azitromicina 1g via oral, colírio lubrificante e compressa gelada. No dia seguinte, o paciente contatou o hospital, referindo quadro semelhante em OD e início de sintomas leves de síndrome gripal. Assim, foi solicitado o exame de reação em cadeia da polimerase da síndrome respiratória aguda por coronavírus (SARS-CoV-2) em swab nasofaringeo e orofaríngeo, com resultado detectável. Desse modo, o diagnóstico de ceratoconjuntivite imunológica atípica por COVID-19 foi elucidado. O paciente regressou após 14 dias apresentando AVcc de 20/20 em ambos os olhos e melhora total do quadro.
Conclusão
A COVID-19 é causada pelo SARS-CoV2, transmitido principalmente pela via respiratória. Os principais sintomas são os respiratórios, mas também pode acometer o trato gastrointestinal, tecido ocular, entre outros. Estudos apontam a prevalência de conjuntivite variando de 1,1 a 31,6% nesses pacientes. Ela pode ser a primeira manifestação de COVID-19, dificultando a investigação como no caso descrito. A presença da manifestação atípica do infiltrado foi um obstáculo para o diagnóstico, sendo imprescindível incluir a COVID-19 no diagnóstico diferencial de conjuntivite para elucidação precoce do quadro.