Código
RC244
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: UFES
Autores
- MARINA BATISTA AGUIAR (Interesse Comercial: NÃO)
- MAITHÊ SILVA MORAES (Interesse Comercial: NÃO)
- LUIZ GUILHERME MARCHESI MELLO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
SYNCHISIS SCINTILLANS DE CAMARA ANTERIOR SECUNDARIA A TOXOCARIASE OCULAR: UM CASO RARO
Objetivo
A synchisis scintillans é um processo degenerativo ocular caracterizado por depósitos de cristais de colesterol na cavidade vítrea ou câmara anterior. A toxocaríase ocular é importante causa de leucocoria, com a típica apresentação de um granuloma retiniano. Este trabalho tem como objetivo relatar o primeiro caso de um paciente com synchisis scintillans em câmara anterior secundária a toxocaríase ocular.
Relato do Caso
Paciente de 3 anos, sexo masculino, foi referenciado para avaliação de leucocoria em olho esquerdo (OE) com 2 anos de duração. Negava antecedentes pessoais e familiares, mas relatou contato com cão e gato. Ao exame, acuidade visual em olho direito (OD) era 20/25, sem alterações ao exame ocular, e 20/250 em OE. À biomicroscopia do OE observava-se enoftalmia, hiperemia conjuntival leve, synchisis scintillans em câmara anterior (Figura 1) e catarata subcapsular posterior intensa que impedia visualização do fundo do olho. A ultrassonografia de OE demonstrou espessamento difuso da coroide e um granuloma retiniano (Figura 2). Exames complementares revelaram altos títulos de IgG para Toxocara canis (2560 U/mL), PPD anérgico e radiografia de tórax, hemograma, colesterol total e frações, triglicerídeos, glicemia e demais sorologias sem alterações dignas de nota. Tendo em vista a hipótese diagnóstica de toxocaríase ocular, foi realizado tratamento oral com albendazol e prednisolona em redução semanal. Após tratamento, houve redução dos cristais em câmara anterior. Atualmente, o paciente encontra-se em acompanhamento ambulatorial.
Conclusão
A synchisis scintillans de câmara anterior é um achado muito raro em literatura. Ainda que o diagnóstico confirmatório da toxocaríase ocular ocorra por meio da biópsia de tecido ocular, a mesma é indicada somente nos casos de dúvida diagnóstica. Os exames complementares realizados no nosso caso reforçaram a nossa hipótese e auxiliaram na exclusão de outros diferenciais de leucocoria em crianças. Até onde sabemos, esse é o primeiro caso de synchisis scintillans em câmara anterior associado à toxocaríase ocular.