Código
RC034
Área Técnica
Doenças Sistêmicas
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Autores
- GUILHERME KAMANO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
CONJUNTIVITE E PENFIGO PARANEOPLASICO: RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar caso de acometimento oftálmico em síndrome paraneoplásica.
Relato do Caso
Paciente do sexo feminino, negra, 30 anos, atendida no pronto-socorro da Faculdade de Medicina de Botucatu com queixa de hiperemia, prurido e secreção ocular em ambos os olhos, com início há 7 dias. Ao exame, apresentava crostas aderidas aos cílios, secreção mucosserosa em fundo de saco conjuntival, lágrima gordurosa, conjuntiva bulbar com hiperemia 2+/4+ e áreas de tecido de aspecto gelatinoso e proliferativo em setor temporal e nasal, corando com fluoresceína; conjuntiva tarsal superior com papilas gigantes. Relatava que há 1 mês do atendimento, apresentara lesão bolhosa única em mucosa jugal esquerda que transformou-se em lesão ulcerada e dolorosa, seguida, dias após, por lesões semelhantes que acometiam lábios, língua, faringe e pele. Havia sido submetida a tratamento com aciclovir via oral e pomada, além de penicilina benzatina via intramuscular, sem sucesso. O estudo anatomopatológico do tecido ocular de aspecto gelatinoso foi compatível com displasia moderada de epitélio escamoso e, o exame de imunofluorescência direta da lesão em mucosa oral e em pele, com pênfigo. Durante investigação clínica, identificado tumor de células foliculares dendríticas, variante inflamatória pseudotumoral-símile em localização paratraqueal esquerda, que foi ressecado. As lesões cutâneas e o quadro oftalmológico regrediram com corticoterapia sistêmica via oral. Segue em acompanhamento ambulatorial, dada a possibilidade de recidiva e metástase.
Conclusão
O pênfigo paraneoplásico é uma desordem autoimune, rara e com prognóstico frequentemente fatal. Os primeiros sinais clínicos costumam ser erosões em mucosa oral que se espalham por lábios e língua. A apresentação cutânea é polimórfica e a ocular, que ocorre em até 70% dos casos, varia de conjuntivite leve e presença de papilas gigantes até conjuntivite pseudomembranosa, simbléfaro e encurtamento de fórnice. O tratamento consiste no uso de imunossupressores. Deve-se atentar à possibilidade de acometimento oftálmico como espectro de uma síndrome paraneoplásica.
ANVISA: 25352012367201880