Título

OCLUSAO DE ARTERIA CENTRAL DA RETINA APOS ENDARTERECTOMIA DE CAROTIDA - RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar um caso de oclusão de artéria central da retina após endarterectomia de carótida.

Relato do Caso

Paciente E. A. W., 73 anos, masculino, branco, portador de hipertensão arterial sistêmica e cirurgias prévias de revascularização do miocárdio e de correção de catarata bilateral em 2014. O paciente apresentava estenose significativa nas artérias carótida interna direita e carótida comum esquerda em exame de angiotomografia arterial prévio. Foi submetido a endarterectomia esquerda há 4 meses, sem complicações. No entanto, após endarterectomia de artéria carótida interna direita em fevereiro de 2018, apresentou intensa perda visual à direita durante o pós-operatório imediato. A avaliação oftalmológica evidenciou retina pálida e mácula em cereja. Na angiofluoresceinografia realizada dois dias após a cirurgia, verificou-se nervo óptico pálido à direita, além de presença de mácula em cereja e retina pálida poupando porção de feixe papilo macular, confirmando o diagnóstico de oclusão da artéria central da retina em OD. Até o presente momento não recuperou a visão.

Conclusão

A oclusão da artéria central da retina (OACR) é a obstrução parcial ou completa da artéria central da retina, que causa infarto retiniano e manifesta-se como perda súbita e indolor da acuidade visual do olho afetado. Sua incidência é rara (cerca de 1 em 100.000 por ano), com predominância no sexo masculino e idade média de aproximadamente 60 anos. A causa mais comum desta patologia é doença aterosclerótica da artéria carótida ipsilateral, como no caso deste paciente. A OACR pode ser causada por embolia ou, mais raramente, pela formação de trombos ou oclusão na vigência de vasculite. A endarterectomia de carótida, embora seja uma abordagem importante na prevenção da OACR e de outros eventos embólicos, também acarreta riscos de gerá-la, como foi o caso deste paciente. A OACR é uma emergência oftalmológica, e esforços para restaurar a visão devem ser instituídos, preferivelmente, em até 4 horas do início dos sintomas para evitar dano irreversível.